FDA dá novas informações sobre dietas “Grain Free”

O FDA, agência norte-americana que regula medicamentos e alimentos, identificou marcas de alimentos para cães ligadas a doenças cardíacas. A partir de 500 relatos de tutores, o FDA reuniu elementos que parecem vincular alimentos “Grain Free” (livres de grãos) à cardiomiopatia dilatada canina (DCM).

Segundo informações publicadas por Linda Carroll, o FDA vinha investigando relatos de doenças cardíacas em cães que comem certos alimentos que continham uma alta proporção de ervilhas, lentilhas, outras sementes de leguminosas ou batatas como ingredientes principais e concluíram que dezesseis marcas de ração para cães poderiam estar associadas a um risco aumentado de insuficiência cardíaca. Esta agência não chegou a sugerir que os tutores parassem de alimentar seus cães com as marcas identificadas, porém alguns veterinários norte-americanos começaram a contraindicar os alimentos “Grain Free”.

Para o FDA está praticamente estabelecida a correlação destas dietas, “Grain Free”, à cardiomiopatia dilatada canina em linha com preocupações que se originaram em julho de 2018, mas apenas em meados de 2019 identificou 16 marcas associadas à patologia em questão (fiquem tranquilos, pois nenhuma destas marcas é comercializada no Brasil até o momento).

A maioria dos relatos foi associada a formulações de alimentos secos (extrusados), mas alimentos crus, alimentos úmidos e semiúmidos foram igualmente incluídos. Lindsay Haake, porta-voz do FDA relatou que “Não estamos dizendo para não usar essas marcas, estamos apenas dizendo aos donos de animais de estimação para consultar diretamente com seus veterinários porque ainda estamos investigando”, 

Embora a grande maioria dos casos tenha sido em cães, também houve alguns relatos em gatos. Cardiologistas veterinários disseram à NBC News que não estão esperando que a investigação do FDA seja concluída antes de aconselhar os proprietários a parar de usar os alimentos suspeitos para animais de estimação.

A Dra Anna Gelzer, cardiologista veterinária e professora associada da Pennsylvania School of Veterinary Medicine disse que “Quando um cão vem a nós com histórico de dieta “Grain Free” nós aconselhamos trocar por uma dieta convencional” e complementa “Não existem evidências científicas para o uso dessas dietas “Grain Free”, então por que arriscar?”

Em um comunicado, o Pet Food Institute (PFI), cujos membros respondem por 98% dos alimentos e guloseimas fabricadas para animais de estimação dos EUA, disse que ele e seus membros “convocaram nutricionistas, veterinários e especialistas em segurança alimentar, por mais de um ano para entender melhor se há uma relação entre cardiomiopatia dilatada (DCM) e dieta. O PFI concorda com as declarações do FDA de que esta é uma questão complexa, com muitos fatores que requerem avaliação científica.”

Se você pensar em lobos, eles podem ingerir o conteúdo de animais ruminantes que eles caçaram, então eles certamente são capazes de comer grãos. Não há razão científica para ficar sem grãos.

A insuficiência cardíaca é um problema conhecido para raças maiores de cães, como Dinamarqueses e Pastores Alemães, disse Gelzer. As raças mais frequentemente relatadas à FDA para a doença cardíaca foram Golden Retrievers, Labradores e mestiços. Mais recentemente a condição começou a aparecer em raças menores, que foi o que chamou a atenção dos veterinários e, eventualmente, da FDA.

“Para nós da Penn (Pennsylvania School of Veterinary Medicine), começamos a ver casos no final de 2017 que se destacaram como incomuns porque estavam em raças menores, como Cocker Spaniels e Beagles que você normalmente não vê com cardiomiopatia dilatada canina”, disse Gelzer.

Isto vem reforçar o que temos informado em nossos últimos artigos quanto a necessidade de um nutricionista veterinário responsável pela formulação de raçoes balanceadas. Não é impossível formular uma dieta “Grain Free”, mas é fundamental que se perceba que a retirada total dos grãos pode ocasionar deficiências não usuais em alimentos para cães, como é o caso da taurina.

Em nosso próximo artigo discutiremos em maiores detalhes este importante aminoácido.

 

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