O olfato dos cães na medicina diagnóstica

O extraordinário sentido olfativo dos caninos combinado com a possibilidade de aprender pelo condicionamento, permite que os cães possam atuar na detecção médica em uma ampla gama de aplicações. Desta forma podem ser um importante auxílio para tutores que tenham patologias associadas à glicemia ou mesmo crises convulsivas, dentre várias outras afecções.

Um seleto grupo de pesquisadores publicou um interessante artigo em 2021 no BMC Infectious Diseases. Este artigo explora a capacidade dos cães como um auxílio na identificação de indivíduos com doenças infecciosas ou não infecciosas.

Esta possibilidade expande esta parceria entre o cão e seus tutores e não deixa de ser uma extensão natural do bem-sucedido emprego de cães farejadores pela polícia, exército e alfândega para detecção de dinheiro, explosivos, drogas, pessoas soterradas ou desaparecidas. Embora a implantação de cães de detecção médica ainda esteja em desenvolvimento, existem vários fatores a serem considerados para padronização e isto tem motivado diversos pesquisadores no sentido do aproveitamento de cães na detecção de diversas patologias aproveitando seu sofisticado olfato na detecção de odores gerados nas patologias pesquisadas.

Os desafios a serem considerados:

O olfato pode ser influenciado por diversos parâmetros como genética, condições ambientais, idade, hidratação, nutrição, microbioma, condicionamento, treinamento, fatores de manejo, doenças e fármacos. Esta revisão discute o conhecimento atual sobre a função e importância da olfação canina e avalia suas limitações e o potencial papel do cão como detector biomédico para doenças infecciosas e não infecciosas.

Além disto há a necessidade de treinar os adestradores e comportamentalistas para que se consiga capacitar os cães nesta importante tarefa. Segundo nossas pesquisas no mercado brasileiro é ainda pequeno o número de profissionais que conhecem esta possibilidade de desenvolvimento dos cães.

Este é um desafio que deve ser abordado paralelamente aos avanços que a pesquisa mundial já obteve em doenças como o câncer de cólon, colon-retal, bexiga, pulmão, ovários e mama, além de detecção do vírus da diarreia viral bovina, malária, hipoglicemia e crises epilépticas.

O que já se sabe:

A estrutura especial e a fisiologia do sistema olfativo canino contêm um enorme potencial. O olfato do cão é usado principalmente para detectar presas e perceber o meio ambiente, mas também poderia ser promovido e significativamente usado pelos seres humanos para fins biomédicos. Uma vez que o órgão vomer nasal tem uma função importante na comunicação intra-espécie ou na detecção de feromônios e é capaz de processar uma grande variedade de moléculas, pode ser possível que ocorra a detecção direta de vírus ou proteínas virais, representando assim um mecanismo diferente de percepção do odor. No entanto, esta é apenas uma hipótese e ainda não foi comprovada.

Vários estudos diagnósticos têm abordado a detecção de diferentes doenças por cães. Apesar dos resultados promissores dos cães de detecção de odores, este método é apenas marginalmente ou não utilizado no campo da medicina humana. A maioria dos profissionais médicos continua a confiar em métodos padrão diagnóstico, embora o método de detecção médica canina tenha alcançado taxas iguais ou até mais altas de precisão diagnóstica. Por exemplo, os narizes eletrônicos têm um limite de detecção de 100 a 400 partes por bilhão (ppb) enquanto o limiar de detecção olfativa dos cães é inferior a 0,001 ppb, então eles superam essa tecnologia de longe. Esta extrema capacidade olfativa permite ao cão um sucesso significativo na detecção de certas moléstias, como sumarizado na tabela abaixo:

O olfato canino é sem sombra de dúvida o sentido mais desenvolvido dos cães e juntamente com a audição confere a estes animais intensa conexão com o meio ambiente. Eles parecem ter um sexto sentido que sentido que certamente será compreendido e utilizado pela ciência

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