Alimento Certo, Nutrição Correta! – Parte II

É muito importante para um produto ser chamado de ração. Você sabia que o fabricante ao comercializar um produto sob este nome assume a responsabilidade de entregar ao seu pet todos os nutrientes que ele necessita diariamente? Nada pode faltar para o adequado funcionamento de seu sofisticado metabolismo e certamente você que ama o seu pet não vai querer adquirir algum produto que não cumpra esta missão, não é?

Mas, o que escolher? Como devo escolher? O que devo ter acesso para acertar na escolha? Como entender o que está informado na embalagem?

Esta é a proposta deste artigo. Vamos entender tudo o que precisamos saber, bem como as informações que um rótulo oferece. 😊

E não é nada fácil! Ao chegarmos em uma gôndola de supermercado ficamos fascinados com a abundância de produtos. As embalagens de rações balanceadas dão um verdadeiro show de marketing, pois a indústria sabe que você pode ser influenciado por ela. Cores, harmonia, imagens e palavras bem colocadas, dentre outros meios, são objetos de estudo e não há quem não se sugestione por estes atributos.

Mas comece a sua escolha conhecendo o fabricante do produto que você pensa adquirir: – vende mais por que é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais? Lembram-se?  Há quanto tempo atua no setor, estrutura organizacional, habilidade da empresa em contratar nutricionistas experientes, laboratório de controle de qualidade dentre outras questões são informações que nos ajudam a formar um conceito da qualidade do produto que adquiriremos., pois ele é o resultado de muitas pequenas coisas. Isto nem sempre é fácil. Mas saiba que as empresas que têm a estrutura necessária para produzir um bom produto tem orgulho em disponibilizar estas informações aos seus clientes.

Um bom fabricante que preza pela qualidade com certeza exibirá no rótulo de seus produtos o símbolo abaixo, que é a condição necessária para a sua comercialização. Ele atesta que o estabelecimento está registrado no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os produtos fabricados por este estabelecimento encontram-se igualmente registrados neste setor.

Ao registrar seu produto nesta instituição o fabricante se compromete com níveis de garantia que não são ainda a certeza de um bom produto, mas já é um bom passo inicial. As rações para pets precisam garantir um limite máximo de umidade, matéria fibrosa, matéria mineral e cálcio e mínimo para proteína bruta, extrato etéreo (as gorduras, nos quais estão os ácidos graxos) e fósforo, ou seja, tudo o que é barato, um limite máximo na formulação, e tudo o que encarece uma ração, um limite mínimo. Além disto, exige que o produto forneça o enriquecimento por quilograma de produto para vitaminas, minerais e outro itens relevantes.

Fabricantes mais comprometidos com a alimentação de seu pet certamente trarão mais informações como, por exemplo, também um limite mínimo para cálcio visando demonstrar a sua preocupação com o equilíbrio Ca:P, limite mínimo para os aminoácidos essenciais e energia metabolizável do produto, que é informação fundamental para o tutor, pois os cães precisam de uma dieta que atenda a sua necessidade energética e que todos os demais nutrientes estejam em quantidade suficiente nesta quantidade consumida.

A análise do rótulo é relevante, mas vamos complicar um pouquinho: – produtos com idênticos níveis de garantia não são necessariamente iguais. A digestibilidade dos ingredientes utilizados poderá fazer com que os nutrientes presentes sigam para as fezes e não sejam absorvidos e isto é coisa que se verificará apenas por sinais aparentes, como aumento do volume das fezes, veja mais detalhes na parte I desta série de informações.

O ditado que diz que o cachorro é “o melhor amigo do homem” nunca foi tão verdadeiro (para Vinicius de Morais o whisky era o cão engarrafado). Cada vez mais, os humanos vêm tratando seus animais de estimação como se fossem verdadeiramente membros da família, aliás na Espanha eles já o são legalmente desde 05/01/22 e é de se esperar que outros países sigam a mesma estrada.

A obesidade canina é o principal distúrbio nutricional em clínica veterinária e se caracteriza por um peso acima do normal para a faixa etária do animal. Este peso acima do padrão é alcançado pelo armazenamento excessivo de nutrientes ingeridos em tecido adiposo, gordura corporal, devido ao desequilíbrio energético, determinado por um consumo calórico superior ao necessário segundo o estágio de vida e nível de atividade do cão. 

Ninguém entendeu melhor o equilíbrio que Aristóteles que o definia como o “justo meio”. Nutrição é isto: – atender as necessidades nutricionais diárias e nada mais, pois abaixo disto estaremos diante de possíveis estados carenciais e acima estaremos progressivamente correndo o risco de obesidade.

Tudo isto para reforçar a importância de fornecermos a quantidade preconizada pelo fabricante, apenas ela. Se esta informação não estiver suficientemente clara, ligue para o fabricante e procure obtê-la e se isto não possível troque de marca.

Surpreendentemente, alguns tutores ainda estão inseguros sobre o quanto alimentar seu cão; é certo, porém que alimento sempre disponível está longe de ser uma demonstração de amor: fuja deste hábito; forneça apenas a quantidade indicada pelo fabricante.

Mas não se esqueça que as medidas usadas podem ser imprecisas, ou melhor dizendo, podem não respeitar as quantidades sugeridas pelo fabricante, que estão sempre descritas com precisão nos rótulos, ou deveriam. Eventuais trocas de produto poderão certamente interferir na quantidade indicada, tanto quanto o momento fisiológico (a necessidade nutricional de um mesmo animal muda se ele for castrado, uma mesma fêmea passa por vários momentos diferentes na gestação e lactação – isto implica que suas necessidades nutricionais não são as mesmas durante este período). Contudo, se observa que os hábitos não mudam e a quantidade oferecidas continuam as mesmas, podendo ser a causa de deficiência ou até excessos alimentares.

No rótulo vamos ainda notar a presença ou não do símbolo acima. Sempre que este triângulo em amarelo com a letra “T” estiver presente o fabricante está informando, e é obrigado a assim proceder, sempre que em seu produto fizer parte ingredientes produzidos com a tecnologia de transgênicos.

É o caso principalmente da soja e do milho, que foram produzidos através de sementes obtidas de produtos geneticamente modificados, ou seja, ele recebeu pelo menos um gene de outro ser vivo pertencente a uma espécie vegetal diferente no intuito de melhorar a produtividade. São produtos seguros, amplamente testados, mas que dividem a opinião do público (aliás como quase tudo em nossos dias – quando vamos aprender a tolerar a opinião do outro?).

Tecnicamente os transgênicos não apresentam nenhuma evidência científica de que possam causar dano à saúde, mas sinta-se a vontade para não consumi-los caso assim entenda.

Igual raciocínio é válido para outros produtos que igualmente dividem a opinião: – os antioxidantes, por exemplo. Como você já deve ter notado, uma boa ração tem na fração de gordura um importante componente, muitas vezes chega a representar 15% do produto. A indústria se utiliza de dois meios principais para que esta gordura chegue integra ao seu pet: (1) ela vai reduzir o teor de O2 dentro da embalagem e (2) aplicar a quantidade suficiente de BHT, BHA ou tocoferóis para estabilizar estas gorduras.

Bom, achamos que já é suficiente! Sinta-se a vontade para nos questionar sobre suas dúvidas a respeito dos produtos. Será um grande prazer auxiliá-lo em sua decisão quanto ao produto que melhor se adeque ao seu cão.

Nosso próximo artigo será sobre quais são os elementos essenciais da dieta de um cão e que devem estar presentes no rótulo de uma ração segundo a AAFCO e concluiremos esta série com Alimentação Natural (AN), que vem crescendo em nosso meio. Até lá!

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